24 filmes para ver em Lisboa e Braga

A edição de 2022 do Festival Política conta com uma seleção de 24 filmes. Fica a conhecer a programação de Lisboa (Cinema São Jorge) e de Braga (Centro de Juventude) e as competições em que participam. Todos os filmes, incluindo os falados em português, são legendados em português. Entrada gratuita.

“Quo Vadis, Aida?”, de Jasmila Zbanic, 101′ (Bósnia, Áustria, Roménia e Holanda)
Bósnia, Julho de 1995. Aida Selmanagić (Jasna Djuricic) trabalha como tradutora para a ONU em Srebrenica. Quando uma unidade do Exército da República Sérvia ocupa a região, até aí considerada uma área de segurança sob a proteção das Nações Unidas, ela vê a própria família entre as milhares de pessoas que procuram proteção nos campos de refugiados. Como está presente em reuniões das equipas de manutenção de paz, Aida tem acesso a informações desanimadoras. Nomeado para o Óscar de melhor filme internacional. Exibido em parceria com o Gabinete do Parlamento Europeu em Lisboa. Antes da sessão será feita a evocação do vencedor do Prémio Sakharov 2021: Alexei Navalny. Sessão M/14. Lisboa: 21 de abril, 21h30; Braga: 5 de maio, 21h30

“A música invisível”, de Tiago Pereira
Os ciganos têm presença na Península Ibérica pelo menos há 500 anos, no entanto em Portugal a sua música foi sempre quase esquecida, pouco conhecida, pouco gravada. Hoje essa música distingue-se muito por rumbas e fados, mas também por muita música religiosa e algum rap. Existem também músicos que não sendo ciganos se apaixonam por esta música e a adoptam. Viajamos então pelo país para conhecer esta música invisível. Documentário coproduzido pelo Festival Política. Com tradução para Língua Gestual Portuguesa. Lisboa: 23 de abril, às 18h. Braga: 7 de maio, às 17h30.

“A nossa bandeira jamais será vermelha”, de Pablo Lopez Guelli, 70′ (Brasil)
A luta dos jornalistas independentes no Brasil para romper o embargo informativo imposto pelas seis famílias que dominam o sistema de informação do país. Ao examinar a influência da imprensa brasileira nos eventos sociopolíticos que ocorreram entre 2013 e 2019, o filme responde a uma pergunta que intriga o mundo todo: como é que Jair Bolsonaro se tornou presidente do sexto país mais populoso do mundo? Lisboa: 22 de abril, às 21h30; Braga: data a anunciar.

“Bustagate”, de Welket Bungué, 12′ (Portugal)
Bustagate, um ano depois do incidente do Bairro da Jamaica (zona da margem Sul de Lisboa) eis o panorama escandaloso da violência e desigualdade social em Portugal. Um filme-intervenção póstumo à sua personagem imaginária, dedicado aos portugueses. Lisboa: 23 de abril, às 17h. Braga: 6 de maio, 19h.

“Alcindo”, de Miguel Dores, 79′ (Portugal)
A 10 de Junho de 1995, sob o pretexto múltiplo de celebrar o Dia da Raça e a vitória para a Taça de Portugal do Sporting, um grupo de etno-nacionalistas portugueses sai às ruas do Bairro Alto para espancar pessoas negras que encontra pelo caminho. O resultado oficial foram 11 vítimas, uma delas mortal, cuja trágica morte na Rua Garrett atribui o nome ao processo de tribunal – o caso Alcindo Monteiro. Sessão M/16 Lisboa: 23 de abril, às 17h. Braga: 6 de maio, 19h.

“Salazácula”, de Pedro Réquio, 20′
Uma reflexão visual sobre as semelhanças entre a ditadura de António de Oliveira Salazar e o imaginário clássico do cinema de terror. Lisboa: 22 de abril, às 23h; Braga: 7 de maio, 23h15.

“O Berloque Vermelho”, de André Murraças, 8′ (Portugal)
Um homem recebe de um amigo um berloque em forma de coração para pôr ao pescoço. Quando a jóia desaparece, o homem entra em pânico e não consegue lidar com os sentimentos que o gesto e a perda do berloque lhe suscitam. Num ato louco e sangrento, fará o impensável. Lisboa: 24 de abril, às 15h30. Braga: 6 de maio, 23h.

“O Ofício da Ilusão”, de Cláudia Varejão, 6′ (Portugal)
A arte da ilusão é esculpida com imagens de um arquivo familiar dos anos 70 e 80 e clips de som de filmes. Madame Bovary é a heroína de Flaubert e abre os anfitriões deste exercício narrativo. Com base no diálogo de Ema Paiva com o seu amigo e confidente Pedro Lumiares no filme “Vale Abraão”, de Manoel de Oliveira, entendemos a identidade de género como uma caracterização fechada dos valores sociais. Lisboa: 24 de abril, às 15h30. Braga: 6 de maio, 23h.

“O Teu Nome É”, de Paulo Patrício, 24′ (Portugal)
O olhar sobre o caso de homicídio de Gisberta Salce Jr., transexual, hiv-positiva, sem-abrigo e toxicodependente que foi brutalmente torturada e violada durante vários dias seguida por um grupo de 14 adolescentes no Porto, Portugal, em 2006. Centrado em temas como a memória, o estatuto social, a violência, a discriminação e a identidade de género, “O Teu Nome É” explora o relato preocupante de dois dos adolescentes condenados, agora jovens, e as memórias dos amigos transexuais de Gisberta, confrontando diferentes perspetivas e dimensões da condição humana. Lisboa: 24 de abril, às 15h30. Braga: 6 de maio, 23h.

“Tracing Utopia”, de Catarina de Sousa e Nick Tyson, 20′ (Portugal e Estados Unidos)
Uma viagem virtual pelos sonhos e desejos de um grupo de adolescentes queer de Nova Iorque, uma Geração Z que vê o mundo com olhos diferentes e esperança no futuro. Um filme que ilustra a importância e o poder de encontrar uma comunidade. Lisboa: 24 de abril, às 15h30. Braga: 6 de maio, 23h.

“A Semente”, de Jorge Sousa, Manuel Janela Gil, Rafael de Lopes, 7’ (Portugal)
Um homem obcecado com o ambiente vai até ao extremo para comungar com a natureza. Lisboa: 21 de Abril, 18h30; Braga: 7 de maio, 19h.

“Food Court”, de Marcus Silva, 5′ (Portugal)
Um homem come mais do que o necessário para chegar ao limite do consumo. Lisboa: 21 de Abril, 18h30;

“Cacos”, de João Brás, 10′ (Portugal)
Uma família portuguesa adapta-se a um quotidiano diferente, enquanto uma situação irreversível toma partido, marcando assim um distinto antes e depois na vida destas pessoas e alterando o seu rumo. Lisboa: 21 de Abril, 18h30;

“Libertação”, de Emídio Navarro, 3′ (Portugal)
Mia narra a sua complexa história de vida, partilhando com o público os seus traumas, o abandono do pai, a depressão pós-parto da sua mãe e como em todo o mal ela podia ver vislumbres do bem. Lisboa: 21 de Abril, 18h30;

“Rei da Gaiola”, de Paula Loffler, 6′ (Portugal)
Simone luta com a sua relação com o pai desde que foi diagnosticado com Alzheimer precoce. Num sábado à tarde, encontra um tabuleiro de xadrez antigo e brinca com Ernesto. Ambos são despertados pelas memórias. Lisboa: 21 de Abril, 18h30;

“Flor de Estufa”, Laís Andrade, 15’ (Portugal)
O quotidiano silencioso de uma imigrante numa exploração agrícola. Diariamente, lida com a solidão e a precariedade, sem nunca esquecer o que deixou para trás. Uma perspetiva sobre a exploração dos imigrantes em Portugal, pelos olhos de uma trabalhadora de estufa. Lisboa: 21 de Abril, 18h30;

“My heart is there, my body is here”, de Pedro Cruz e João Doce, 57’ (Portugal)
Há histórias muito duras que não chegam à maioria das pessoas. Documentário sobre o passado, o presente e o futuro de pessoas com estatuto de refugiado, que procura amplificar a sua voz. Uma produção da Universidade de Coimbra, elaborada no seguimento do Projeto Teachmi. Lisboa: 22 de abril, às 18h30.

“Dispersos pelo Centro”, de António Aleixo, 77′ (Portugal)
Quando Tiago Pereira, de “A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria” convida Álvaro Domingues para uma viagem pelas Terras da Chanfana, surge uma questão pertinente e maior que eles próprios ou a paisagem na qual figuram. Retrata um presente sem o intuito de adivinhar o seu futuro nem o saudosismo por um passado ido, num documentário humanista que deambula entre as pessoas e o território. Lisboa: 23 de abril, às 15h30.

“Tout le monde dit la chatte”, de Clémentine Beaugrand, 12′ (França)
A masturbação feminina aos olhos de mulheres de diferentes gerações. Delicadamente, apesar do desconforto causado pelo tabu da masturbação, as suas vozes dão início a uma conversa e tornam este diálogo possível. Lisboa: 23 de abril, às 23h15.

“A arte do sexo”, de Matheus Ribeiro Nogueira, 20′ (Portugal)
A indústria pornográfica não é muito bem vista, principalmente pela falta de ética nas relações de trabalho e por problemas que ocorreram no passado. As personagens deste filme embarcam numa viagem para desmistificar e dignificar “A Arte do Sexo”. Lisboa: 23 de abril, às 23h15.

“Ava Kuña, Aty Kuña; mulher indígena, mulher política”, de Julia Zulian, Fabiane Medina, Guilherme Sai, 25′(Brasil)
Uma abordagem poética da resiliência política das mulheres indígenas brasileiras, retratando a Kuñangue Aty Guasu, a Grande Assembleia de Mulheres Guarani Kaiowá, povo indígena da região do Mato Grosso do Sul que há muito luta pelo direito ao seu território. Lisboa: 24 de abril, às 17h.

“Rua do Prior 41”, de Lorenzo d’Amico de Carvalho, 75’ (Portugal)
Lisboa, 1974. Franco Lorenzoni, militante da Lotta Continua, o grupo italiano extraparlamentar mais importante dos anos 70, ocupa uma casa na Rua do Prior, nº 41. Durante os meses seguintes, essa casa acaba por se tornar na sede da Associação Revolucionária de Amizade Portugal-Itália, que traz centenas de jovens do mundo inteiro para verem o “país mais livre da Europa”. Uma viagem por um dos capítulos menos conhecidos da Revolução dos Cravos, para libertar sonhos, esperanças e deceções de uma geração de rapazes e raparigas que, por um curto e entusiasmante momento, acreditaram que conseguiriam mudar o mundo. Lisboa: 24 de abril, às 17h30.

“Régie”, de Inês Lago e João Ventura, 35′ (Portugal)
Um debate televisivo acerca da crise migratória é interrompido pela ligação em direto à vila de Cardachianforins, onde há relatos de uma agressão perpetrada por um homem negro desconhecido. Ao longo do programa, o sopro invisível que tenta controlar a emissão e os seus
intervenientes vai-se fazendo presente, construindo a perceção que os espectadores terão desta viagem pelo quotidiano da grande narrativa mediática. Na volúpia da conquista de audiências, vale tudo menos deixar de agir em prol de proveitos para shareholders e eterno crescimento de marcas mais ou menos declaradas no imaginário coletivo. Braga: horário a definir.

“Deixa Ser Eu”, de Sheila Correia, 28′ (Portugal)
“Longe do meu país de origem deparei.ME com os estereótipos da mulher brasileira. Como existir e encontrar novas formas de existência Num mundo de preconceitos? Como quebrar um estereótipo sem me perder? Em Portugal, descobri que sou um emaranhado de coisas que existem dentro de mim e pouco têm a ver com a minha aparência”. Braga: horário a definir.


Competição Filme do Ano – prémio do júri

“Rua do Prior 41”, de Lorenzo d’Amico de Carvalho, 75’ (Portugal)
“Alcindo”, de Miguel Dores, 79′ (Portugal)
“O Teu Nome É”, de Paulo Patrício, 24′ (Portugal)
“Tracing Utopia”, de Catarina de Sousa e Nick Tyson, 20′ (Portugal e Estados Unidos)
“My heart is there, my body is here”, de Pedro Cruz e João Doce, 57’ (Portugal)
“Dispersos pelo Centro”, de António Aleixo, 77′ (Portugal)
“Ava Kuña, Aty Kuña; mulher indígena, mulher política”, de Julia Zulian, Fabiane Medina, Guilherme Sai, 25′(Brasil)

Competição Prémio Futuro – realizadores até 30 anos

“Alcindo”, de Miguel Dores, 79′ (Portugal)
“Salazácula”, de Pedro Réquio, 20′
“Flor de Estufa”, Laís Andrade, 15’ (Portugal)
“Libertação”, de Emídio Navarro, 3′ (Portugal)
“A Semente”, de Jorge Sousa, Manuel Janela Gil, Rafael de Lopes, 7’ (Portugal)
“Cacos”, de João Brás, 10′ (Portugal)
“Ava Kuña, Aty Kuña; mulher indígena, mulher política”, de Julia Zulian, Fabiane Medina, Guilherme Sai, 25′(Brasil)
“A arte do Sexo”, de Matheus Ribeiro Nogueira, 20′ (Portugal)

Competição Prémio do Público

“Rua do Prior 41”, de Lorenzo d’Amico de Carvalho, 75’ (Portugal)
“Bustagate”, de Welket Bungué, 12′ (Portugal)
“Alcindo”, de Miguel Dores, 79′ (Portugal)
“O Berloque Vermelho”, de André Murraças, 8′ (Portugal)
“O Teu Nome É”, de Paulo Patrício, 24′ (Portugal)
“O Ofício da Ilusão”, de Cláudia Varejão, 6′ (Portugal)
“Salazácula”, de Pedro Réquio, 20′
“My heart is there, my body is here”, de Pedro Cruz e João Doce, 57’ (Portugal)
“Tracing Utopia”, de Catarina de Sousa e Nick Tyson, 20′ (Portugal e Estados Unidos)
“Flor de Estufa”, Laís Andrade, 15’ (Portugal)
“A nossa bandeira jamais será vermelha”, de Pablo Lopez Guelli, 70′ (Brasil)
“Dispersos pelo Centro”, de António Aleixo, 77′ (Portugal)
“Food Court”, de Marcus Silva, 5′ (Portugal)
“Libertação”, de Emídio Navarro, 3′ (Portugal)
“A Semente”, de Jorge Sousa, Manuel Janela Gil, Rafael de Lopes, 7’ (Portugal)
“Cacos”, de João Brás, 10′ (Portugal)
“Rei da Gaiola”, de Paula Loffler, 6′ (Portugal)
“Ava Kuña, Aty Kuña; mulher indígena, mulher política”, de Julia Zulian, Fabiane Medina, Guilherme Sai, 25′ (Brasil)
“A arte do sexo”, de Matheus Ribeiro Nogueira, 20′ (Portugal)
“Tout le monde dit la chatte”, de Clémentine Beaugrand, 12′ (França)
“Régie”, de Inês Lago e João Ventura, 35′ (Portugal)
“Deixa Ser Eu”, de Sheila Correia, 28′ (Portugal)

Votação: Filme do Ano votado pelo júri composto por Sandra Almeida, Roni Sousa e Amaya Sumpsi; Prémio Futuro votado pelos jovens embaixadores de Braga e Lisboa do festival; Prémio do Público decidido pelo público de Braga e Lisboa em sala