Estreia de “Aristides de Sousa Mendes – Un hombre bueno”

Texto de Victor Lopes, produtor de “Aristides de Sousa Mendes – Un hombre bueno”. O filme terá estreia europeia no São Jorge a 22 de Abril com a presença de Victor Lopes e de familiares do embaixador.

Venho da Argentina que proclama, em fóruns internacionais, a ausência no seu território de problemas relacionados com a raça ou a religião. No entanto, a maior comunidade judaica da América Latina sofreu dois ataques: um à Embaixada de Israel em 1992 e outro à Mutual Israelita em 1994, causando mais de 100 mortes e 600 feridos. Ao fim de 25 anos, não há responsáveis e o procurador Nisman que devia ter investigado apareceu “suicidado”.

Em Buenos Aires foi apresentado um livro escrito por um português, acompanhado por dirigentes da direita local, onde se elogiava a ditadura de Salazar e não se ouviu uma única palavra de repúdio por parte da Embaixada de Portugal. Por outro lado, as ditaduras de África expulsam milhares de pobres para a Europa, fomentando a xenofobia, somando à tragédia na Síria, Timo Soini na Finlândia, Frauke Perry na Alemanha, a francesa Le Pen, o FPO em Áustria, a Aurora Dourada na Grécia, Wilders na Holanda, Gábor Bona na Hungria, Ekesson na Dinamarca e Trump com o seu muro. Ninguém está isento de grupos racistas e tendências autoritárias…mas, o que tem tudo isto a ver com Aristides de Sousa Mendes?

Setenta e sete anos depois das assinaturas dos vistos, a história do grande herói português tem mais importância que nunca. Estamos aqui, é certo… Somos poucos, não temos poder, mesmo com os grandes meios de comunicação, continuamos longe de nossos governantes, mas somos sementes que darão fruto, não tenham dúvida. O mais valioso que temos é a “consciência” sobre qualquer dever. Precisamos de mais gente disposta a dizer “não” com a mesma “consciência” que teve Aristides naquelas sete noites de 1940 quando decidiu desobedecer à circular 14 e actuar como os grandes humanistas da História. Sousa Mendes decidiu nessa semana que o seu nome ficaria para sempre associado ao de um homem de bem, e jamais ao dos assassinos e dos seus cúmplices.