Programação Lisboa – 23 de abril
O Festival Política regressa, de 21 a 23 de abril, ao Cinema São Jorge, tendo a Pós-democracia como tema central. Serão três dias de cinema, performances, música, humor, exposições, debates e atividades para crianças centradas na defesa do sistema democrático e na promoção da cidadania, intervenção cívica e direitos humanos. A entrada é gratuita. Todas as atividades têm interpretação para língua gestual portuguesa e todos os filmes estão legendados em português. Aqui encontras a programação detalhada para o dia 23 de abril (domingo).
16h – Cinema
“Novíssimas cartas portuguesas”, documentário de realização coletiva, 55’ (Portugal)
Sala 3
Filme legendado em português
O julgamento das 3 Marias foi o primeiro momento do movimento feminista português com projeção internacional. Agitou as águas estagnadas da ditadura e foi um grito ensurdecedor para o mundo. Que impacto teve a obra pela qual foram julgadas? Quão diferentes são as nossas vidas hoje? No 50º aniversário do livro “Novas Cartas Portuguesas” um grupo de mulheres produziu este documentário para questionar em que ponto se encontra a luta feminista. Há novos problemas? Quais são as novas opressões?
16h – Teatro infantil e atelier
”Não se deixem enganar! Um conto panfletário de 2019″
Sala Manoel d’Oliveira
Público-alvo: dos 6 aos 10 anos
Com interpretação para LGP
A 7ª História Magnética estreou em 2020 no Teatro LU.CA. Movido pela crescente onda obscurantista, retrógrada e fascista que avança por esse mundo fora, saiu-me, como um gesto de reação, esta história que fala de uma criança que viveu a transição do fascismo para a democracia em Portugal e que por isso sabe muito bem que não há coisa pior do que viver sob um regime como o antigo”, conta Pelágio. Não se deixem enganar! – um conto panfletário de 2019” é pois uma homenagem à geração de pais e mães nascidos nos anos 30 do século XX que, sem procurarem um lugar na história, protagonismo político ou de qualquer outra espécie, nunca se resignaram, arriscaram a vida, passaram pela prisão, exilaram-se e foram perseguidos para que nós possamos viver hoje num país melhor. Sem nunca esquecermos que, hoje como ontem, é preciso estar atento às marés!
Conto original, composição original e guitarra elétrica: Sérgio Pelágio; Narração: Isabel Gaivão; Direção de Produção: Sofia Afonso; Produção Executiva: Rodolfo Freitas; Comunicação: Susana Ribeiro Martins.
16h – Debate
“Olhem para nós! Nós existimos!”
Sala 2
Com interpretação LGP<>PT
Pós-democracia? Como podemos sequer conceber o conceito de pós-democracia sem nunca ter sequer vivenciado uma democracia plena? Estigma e normalização continuam a sufocar a maior riqueza de qualquer sociedade — o seu capital humano nas suas várias identidades. Por que razão a Comunidade Surda continua a vivenciar problemas da pré-democracia? Quem decide sobre quem? Qual a representatividade? Quais as barreiras?
Participam: Paulo Vaz de Carvalho (ouvinte e doutorado em Ciências da Saúde: Linguística da Língua Gestual Portuguesa), Helena Carmo (surda, mestre em Língua Gestual e Educação de Surdos e doutoranda em Cognição e Linguagem), Debora Carmo (surda, docente de LGP, interpreta a música com a suavidade do seu gesto), Paula Pimpão (surda e profissional dos sete ofícios) Sandra Coelho (surda, licenciada em LGP, atualmente envolvida na criação do primeiro manual bilingue da disciplina de História). Moderadora: Barbara Pollastri (ouvinte, intérprete, mediadora cultural e linguística).
17h30 – Conversa
“Mulheres à beira de um Lugar de Fala e Construção”
Curadoria: Selma Uamusse
Sala 2
Com interpretação para LGP
Selma Uamusse convida outras mulheres que nos seus diferentes ofícios ocupam um importante lugar na construção da nossa sociedade. O ponto de partida são as etiquetas e rótulos que quase todas carregam e o de chegada o seu contributo para a construção de uma sociedade mais generosa a partir dos seus distintos lugares de fala. Serão só elas ou deveríamos estar todos à beira de um lugar de fala/ escuta, construção/desconstrução? Participam: Mafalda Ribeiro (autora, palestrante e consultora de inclusão para a deficiência) e Cláudia Semedo (atriz, apresentadora de televisão e locutora), com moderação de Selma Uamusse (música e artivista).
17h30 – Cinema
“Absconded. Young Russians On The Run”, Anna Winzer, 53’ (Alemanha)
Sala 3
Filme legendado em português
Acompanha as duas primeiras semanas após o ataque da Rússia à Ucrânia. O protagonista principal, Egor Lesnoy, é um ativista ambiental, blogger e influenciador de Irkutsk, na Sibéria. O seu maior amor é o Lago Baikal, onde mergulha livremente sob o gelo no Inverno e retira o lixo do fundo do lago e das margens. Até 24 de fevereiro de 2022, estava cheio de esperança num futuro melhor. Nesse dia, a sua vida mudou completamente.
18.30h – Festa de encerramento
DJ Set Fado Bicha – foyer
A música feita em Portugal é rica e diversa, talvez mais do que nunca. Ao mesmo tempo, atravessa um período de crise que agudiza uma tendência sentida há alguns anos já. Para grande parte das pessoas que fazem música em Portugal, é difícil conseguir concertos bem pagos e a sustentabilidade profissional está cada vez mais comprometida. Não se valoriza a produção cultural local, principalmente a que segue linhas afastadas do mainstream, a que arrisca. É simbólico que as rádios estejam a ter tanta resistência à obrigatoriedade de passar 30% de música feita em Portugal nas suas programações. Será que as pessoas que vivem em Portugal são desinteressadas da música feita aqui? Será que a conhecem em toda a sua diversidade e potência criativa? Lila Fadista e João Caçador acham que não e escolhem trazer ao Festival Política um DJ set de música feita em Portugal que foi lançada nos últimos 12 meses, com especial destaque para a música feita por mulheres e pessoas queer. Um ano de música boa, desafiante, aconchegante, bela e furiosa.
20h – PROJETO PERFORMANCE “Wh¥te Sheets”, de ZAYA
Sala 2
Apresentação de uma das propostas vencedoras do concurso de bolsas para jovens artistas, ativistas ou criadores, promovido pelo Festival Política e pelo Instituto Português do Desporto e Juventude.
TODOS OS DIAS
Exposições de fotografia
“Institucionalizado”, de Isabela Marques e Airton Cesar Monteiro
Curadoria: Kriativu
As instituições totais são lugares onde um número considerável de indivíduos na mesma condição leva uma vida conjunta, isolado da sociedade. No caso das prisões, esse isolamento tem a função de proteger a comunidade exterior desses indivíduos. A esse processo de aplicação opressiva de controlo social e às suas consequências chama-se institucionalização. O Paulinho e o Mequinhas, protagonistas desta exposição, foram institucionalizados durante 25 e 37 anos, respetivamente. De forma descontinuada, passaram décadas das suas vidas em diversas instituições prisionais desde a menoridade. Esse processo ter-se repetido múltiplas vezes diz-nos sobre a sua ineficiência. Ou melhor, sobre a sua limitação – assegura apenas a captura de corpos e temporariamente. A institucionalização esvazia, enumera e redistribui os indivíduos para a sociedade sem mudar as condições que os levaram à cárcere em primeiro lugar ou que os mantém como potenciais reincidentes. Quanto aos modelos desta exposição, é a precariedade aliada à sua condição de saúde: toxicodependência. Apesar da brutalização da passagem pela instituição total que é a prisão, lutam para se humanizarem.
“Revelação”
Curadoria: Coolabora
Todas as crianças e jovens têm sonhos. Mas às crianças e jovens ciganos não se lhes reconhece tão facilmente a capacidade de sonhar, de projetar um futuro. Esta exposição de fotografia pretende revelar esses sonhos escondidos pelo preconceito e pela falta de oportunidades. Uma iniciativa da CooLabora, cooperativa de intervenção social da Covilhã, que pretende catalisar diálogos e reflexões sobre os seus direitos, necessidades e recursos individuais e coletivos, sonhos, desejos, expressando assim os desafios e problemáticas que vivenciam nos seus quotidianos. São fotografias que revelam rostos, mas que dão, acima de tudo, voz a uma comunidade que pelo ciclo de exclusão onde se encontra encerrada, é conhecida apenas através da voz e do olhar de outros. E esses outros somos nós.
Programação Festival Política: 21 de abril, 22 de abril e 23 de abril
Acessibilidades
Todas as atividades têm interpretação para língua gestual portuguesa e todos os filmes estão legendados em português.
As exposições de fotografia contam com descrição áudio realizada pelos autores/curadores, disponível no Cinema São Jorge e nos links abaixo:
“Institucionalizado” – Exposição de fotografia de Isabela Marques e Airton Cesar Monteiro (curadoria KRIATIVU) – Link para ouvir a primeira parte aqui e link para ouvir a segunda parte aqui
“Revelação” – Exposição de fotografia com curadoria Coolabora – Link para ouvir a descrição aúdio aqui
O Festival Política sensibiliza todos os artistas e participantes a introduzirem as suas apresentações com uma descrição física, do espaço e das suas ações.
Mediante marcação através do email acessibilidades.politica@gmail.com poderá ser organizada uma visita de reconhecimento prévio e aproximação tátil aos espaços de apresentação assim como um encontro com os artistas e participantes.
Para garantirmos um melhor acolhimento no Cinema São Jorge, pedimos a todas as pessoas com necessidades específicas que se inscrevam previamente aqui.
Mais informação aqui.
Bilhetes
Entrada gratuita.
Necessário levantar bilhete no próprio dia.
Horário da bilheteira: sexta-feira, sábado e domingo das 13h até ao início da última sessão.
Atividades para maiores de 12 anos, salvo indicação em contrário.