Um workshop sobre educação menstrual e meio ambiente
No âmbito do Festival Política, o Coletivo Eufémia vai realizar, a 17 de Outubro, às 15h30, uma conversa sobre menstruação e o ciclo da mulher com a dra. Maria Liz Coelho, médica interna de ginecologia e obstetrícia no Hospital de Penafiel. O objetivo é desmistificar e desconstruir alguns tabus sobre o assunto, permitindo ter um espaço de partilha de conhecimento e de esclarecimento de dúvidas. Será também exemplificado como criar um penso sustentável.
Inscreve-te através do e-mail: coletivoeufemia@gmail.com com teu nome completo, data de nascimento, número de telemóvel e e-mail. Se precisares de tradução para Língua Gestual Portuguesa, informa-nos por e-mail.
Quantas mulheres conhece que não sabiam o que estava a acontecer quando assistiram à chegada da sua primeira menstruação, ou que passaram por uma situação constrangedora por causa disso? Nos dias de hoje, a menstruação ainda é tratada como um tabu, e o sangramento vaginal, mesmo sendo inevitável, e algo que acontece a todas as mulheres, é visto como algo desagradável, sujo e motivo de vergonha. Este tabu ainda existe ao redor do mundo, em várias gerações, independentemente da classe social.
Como podemos lidar bem com algo que compreendemos tão pouco, ou que temos vergonha? É sabido que temos tendência de repetir e reproduzir comportamentos que são impostos ao longo das nossas vidas. Desde muito cedo temos uma ideia negativa do que é a menstruação. Está na altura de mudar a negatividade do discurso, de forma a que, no futuro, o comportamento reproduzido seja de maior compreensão. Retirar este peso da menstruação torna mulheres/ raparigas mais confiantes e responsáveis, e os homens/rapazes mais empáticos e futuramente envolvidos com questões de saúde e de planeamento familiar. O conhecimento também possibilita a superação de mitos relacionados com o funcionamento do corpo de quem menstrua, facilitando a higiene menstrual e a auto-estima como um todo.
A questão ambiental
Estima-se que a mulher faça uso de cerca de dez pensos descartáveis em cada ciclo menstrual, e de 10 mil a 15 mil entre a puberdade e a menopausa. Em muitos países ainda não há reciclagem de pensos higiénicos. Estes demoram até 100 anos para se decompor. O impacto ambiental começa na fase de produção. As duas matérias primas mais importantes para a produção dos pensos vêm da exploração da celulose, extraída das árvores e que, sem um controlo e uma fiscalização legal, leva à desflorestação e do petróleo, que é um recurso não renovável.
O Instituto Real de Tecnologia, em Estocolmo, na Suécia, realizou uma avaliação do ciclo de vida de pensos internos e externos. Esse estudo concluiu que, entre pensos externos e internos, os externos têm um maior impacto ambiental devido ao maior uso de componentes de plástico. Isso não quer dizer que os pensos internos não tenham também um impacto ambiental significativo: a fibra de algodão contribui com 80% do impacto total da produção desses absorventes, dado que o cultivo intensivo de algodão requer grandes quantidades de água, pesticidas e fertilizantes Uma alternativa aos pensos que conhecemos, são os reutilizáveis de pano. São práticos, têm um custo de produção baixo e são acessíveis a todas as pessoas, para além de não poluírem e não possuírem nenhum produto químico que possa perturbar a saúde íntima da mulher.
O Coletivo Eufémia é um dos vencedores do concurso de Bolsas para Artistas, Criadores e Ativistas, lançado pela associação Isonomia e pelo IPDJ.