18 filmes concorrem ao Festival Política 2025
A edição de 2025 do Festival Política conta com 18 filmes em competição. Tratam-se de produções que nos chegam de Portugal, Espanha, Bélgica, África do Sul, Argentina, Turquia, França e Irão. Será distinguido o melhor filme nas vertentes Prémio do Júri, Prémio do Público e Prémio Futuro (realizador/a ou equipa com idade igual ou inferior a 30 anos). Os filmes serão exibidos ao longo do ano no Festival Política em Lisboa, Braga, Loulé e Coimbra, a par de um ciclo de cinema em Grândola.
“Aplauso”, de Guilherme Daniel, 11’ (Portugal)
Uma reunião do Partido termina com uma mensagem de louvor ao presidente, que despoleta uma ovação apoteótica. No meio da multidão olhares inquisidores da Polícia de Estado procuram o menor sinal de dissidência, e os aplausos não cessam.
“Sem professores não há políticos”, de Miguel Ferreira, 35’ (Portugal)
Em honra de quem nos dá tanto, acompanhamos o testemunho do dia-a-dia de vários professores portugueses, constatando a realidade e verdadeiro estado desta nobre profissão em Portugal. As suas histórias. As suas vidas. As suas lutas. Professores que lidam com crianças, adolescentes e jovens adultos. Professores com 30, 40 e 50 anos. Professores de esquerda, de centro e direita. Mas, acima de tudo, seres humanos que merecem o devido respeito e apreço por parte de quem tem poder para lhes providenciar tal. Esta é a lição mais importante das suas vidas.
“78-TD-07”, de Io Franco, Inês Teixeira e Daniel Oliveira, 11’ (Portugal)
Susana é professora do Ensino Secundário e é colocada numa escola longe do lugar onde vive. A sua vida é aparentemente normal, mas através da relação com outro professor da mesma escola, vamos descobrindo que a casa de Susana é uma carrinha num parque de caravanas.
“Agente imobiliário sem casa para viver”, de Filipe Amorim, 15’ (Portugal)
Segundo o Idealista, o preço médio das casas em Portugal disparou 106% nos últimos dez anos. A crescente valorização do metro quadrado levou a uma crise habitacional sem precedentes. Atraídos pela vida de luxo dos brookers mais bem-sucedidos, muitos jovens envergam pelo mercado imobiliário, na esperança de uma estabilidade financeira que Portugal não é capaz de oferecer.
“Bad for a moment”, de Daniel Soares, 15’ (Portugal)
O dono de um atelier de arquitetura participa com a sua equipa num team-building. O evento corre mal e o arquiteto é confrontado com a realidade do bairro social que estão a gentrificar. Menção Especial para Curta-Metragem no Festival de Cannes.
“Maio”, de Claudio Carbone, 12’ (Portugal)
Cátia, uma das últimas moradoras do bairro autoconstruído 6 de Maio, na Amadora, luta para manter a sua casa enquanto a comunidade enfrenta despejos e demolições. Através da sua perspetiva, o documentário revela histórias de resistência, laços de vizinhança e conflitos com instituições num contexto de incerteza e mudança.
“Por ti, Portugal, eu juro!”, de Diogo Cardoso e Sofia da Palma Rodrigues, 90’ (Portugal e Guiné-Bissau)
Durante a Guerra Colonial, milhares de africanos combateram ao lado de Portugal e arriscaram a vida por uma pátria que acreditavam ser a sua. A mesma pátria que, depois da Revolução de Abril, os abandonou à sua sorte. 50 anos depois, os Comandos Africanos da Guiné continuam a reivindicar as pensões de sangue e invalidez que lhes foram prometidas. Este grupo foi a única tropa de elite do Exército português integralmente constituída por pessoas negras, pessoas que tomaram a dianteira das operações mais difíceis e protegeram os militares oriundos da metrópole. Reivindicam, até hoje, um lugar na História. Contam relatos de guerra, perseguição e morte. Dizem-se abandonados e traídos por um Estado que os usou, explorou e, por fim, descartou. Prémio do Público Melhor Filme Português e Prémio do Público Direitos e Liberdades no DocLisboa 2025.
“Presence”, de Nasim Dehghannayeri, 1’ (Irão)
Infelizmente, a presença das mulheres só se dá através da procriação e do sexo.
“Message”, de Saeed Moltaji, 9’ (Irão)
Uma repórter determinada, numa Gaza devastada pela guerra, enfrenta as más condições de internet, pelo que decide levar todos os cartões de memória ao seu colega no edifício da agência de notícias.
“Cautivas”, de Itxaso Díaz, 20’ (Espanha)
Atualmente, 24 países proíbem a interrupção da gravidez em qualquer circunstância. El Salvador tem uma das leis mais restritivas do mundo. Lá, as mulheres acusadas de aborto podem ser condenadas a penas de prisão de até 40 anos por homicídio qualificado. É o caso de Cristina Quintanilla.
“Els buits”, de Sofia Esteve, Isa Luengo e Marina Freixa Roca, 20’ (Espanha)
A história oral pode restaurar uma parte esquecida do nosso passado? Poderá quebrar o silêncio perpetuado entre gerações? Aos 17 anos, Mariona foi presa e colocada num centro de correção gerido pelo Patronato de Protección a la Mujer, uma instituição dedicada a “regenerar mulheres malditas” durante o regime de Franco e os primeiros anos de democracia. Em 2023, ela e a filha tentam juntar as peças e lacunas dessa história. Documentário nomeado para os Goya 2025.
“Instantes de peligro”, de Santiago Canción, 15’ (Argentina)
Iki, um militante territorial, leva três tiros nos momentos de maior tensão da história argentina contemporânea: em 2001, 2002 e 2016. Porém, nenhum deles o mata. A sua história reflete uma série de momentos de perigo. Entre a atuação coletiva, o ativismo territorial e experiências pessoais, tece-se este filme que aborda o compromisso pessoal e político de um destacado líder de movimentos populares.
“L’últim combat”, de Joan Paüls Vergés, 20’ (Espanha)
Entre a demência de um homem e a memória de um país inteiro. Ernest confunde passado e presente para voltar às memórias da guerra civil. Tem uma determinação clara: regressar à sua cidade para terminar o que começou há 70 anos. Premiado no Festival Internacional de Cine por la Memoria Democrática de Madrid.
“Adidas Owns the reality”, de Keil Orion Troisi e Igor Vamos, 22’ (Camboja, Alemanha e Estados Unidos)
Ativistas decidem denunciar as condições de trabalhadores da cadeia de abastecimento da Adidas. Como? Organizando um desfile na Berlin Fashion Week, onde recorrem ao humor e à ironia para levar o mundo a prestar atenção aos abusos laborais e ambientais que a marca tenta esconder. Em 2023, em plena Web Summit, subiram ao palco para lançar uma “nova” bitcoin da Adidas, ao lado do DJ Marshmello. Soube-se depois que era uma ação de ativismo de guerrilha. Premiado no Workers Unite Film Festival, de Nova Iorque.
“A culpa é da água”, de Ana Leonor Guia, Marta Quintanito Roberto, Ruben Pinto, Tiago Magalhães, 5’ (Portugal)
Gisberta, mulher trans imigrante, recebe a notícia de que é seropositiva. Perde as suas fontes de rendimento e torna-se sem abrigo e toxicodependente. No edifício onde escolhe ter o seu abrigo é abordada por jovens extremamente violentos.
“Cruising”, de Nadir Sonmez, 7’ (Turquia)
A cultura do sexo gay ao ar livre continua a ser preservada num parque anónimo em Istambul. À noite, a câmara segue a coreografia do “cruising”, um narrador faz um relato formal e os corpos estão ausência. É uma etnografia da luxúria masculina no escuro. Curta-metragem selecionada para o Rotterdam Film Festival e para a New MoMA Doc Fortnight 2025.
“Rainbow Nation”, de Marieke Dermul, 25’ (África do Sul e Bélgica)
África do Sul, o paraíso queer– ou pelo menos é o que se diz. Conhecemos as imagens do Orgulho de Joanesburgo. A África do Sul é o único país em todo o continente africano onde as pessoas LGBTQIA+ têm direitos iguais e podem casar. No entanto, o contraste entre a Constituição e a realidade quotidiana é gritante. As pessoas queer lutam pelas suas vidas todos os dias. Ccorrem o risco de agressão física, violação ou assassinato. Todos os anos, mais de 500 mulheres lésbicas são violadas devido à sua orientação sexual. No Soweto, no mesmo local onde ocorrem os crimes de ódio, estas pessoas pretendem recuperar as ruas e mostrar que ousam ser elas próprias.
“Les filles c’est fait pour faire l’amour”, de Jeanne Paturle, Cécile Rousset e Jeanne Drouet, 16’ (França)
Filme de animação que segue a investigação de uma socióloga sobre a sexualidade em casais. As entrevistas a mulheres heterossexuais entre os 25 e os 45 anos abordam experiências, desejo e amor, bem como as normas nas relações homem/mulher e os caminhos para a emancipação.