Programação Coimbra – 29 de setembro

O Festival Política regressa, de 28 a 30 de setembro, ao Convento São Francisco, tendo a Pós-democracia como tema central. São três dias de cinema, performances, música, humor, exposições, visitas guiadas e debates centrados na defesa do sistema democrático e na promoção da cidadania, intervenção cívica e direitos humanos. Aqui fica a programação para o dia 29 de setembro.
A entrada é gratuita, mediante lotação das salas ou inscrições. Encontras aqui o programa completo para os três dias em formato PDF.
Atividades para maiores de 12 anos, salvo indicação em contrário. Os conteúdos orais do Festival Política (debates, visitas guiadas ou oficinas) têm interpretação para língua gestual portuguesa. Todos os filmes são legendados em português, incluindo os de língua portuguesa. Mais informações sobre as acessibilidades do Festival Política aqui.

10h30
“Novíssimas cartas portuguesas” – cinema
Documentário de realização coletiva, 55’ (Portugal)
Blackbox
O julgamento das 3 Marias foi o primeiro momento do movimento feminista português com projeção internacional. Agitou as águas estagnadas da ditadura e foi um grito ensurdecedor para o mundo. Que impacto teve a obra pela qual foram julgadas? Quão diferentes são as nossas vidas hoje? No 50o aniversário do livro “Novas Cartas Portuguesas” um grupo de mulheres produziu este documentário para questionar em que ponto se encontra a luta feminista. Há novos problemas? Quais são as novas opressões? Sessão exclusiva para a comunidade escolar.

14h30
O Documentário enquanto ferramenta política e de intervenção na área social– oficina/debate
Local: Faculdade de Psicologia e da Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
Workshop dinâmico, conduzido por João Doce e Pedro Cruz, que promove o documentário enquanto ferramenta de mudança, mostrando a importância de passar da cadeira de espectador para trás da cortina: quais as motivações, as barreiras éticas, o potencial informativo e as limitações inerentes a um filme a que se chama, por convenção, documentário. No início da sessão serão exibidos os filmes “Seremos Ouvidas” e “Paulo Galo: Mil faces de um homem leal”, que integram a secção de cinema do Festival Política.
Parceria com PROPELLA, CRL – Cooperativa de Intervenção Social e Dinamização Artística e Faculdade de Psicologia e da Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Inscrições: participa.politica@gmail.com. Com interpretação para LGP mediante solicitação prévia. Duração: 3 horas.

18h
“1 + 1 =/= 2” – performance de Francis Salema
Blackbox
Projeto da responsabilidade de Francis Salema, vencedor do concurso de jovens criadores, artistas e ativistas, promovido pelo Festival Política e pelo Instituto Português do Desporto e Juventude. Num contexto de polarização política fomentado pelas redes sociais que, com o emprego de algoritmos inteligentes, nos alienam e compartimentalizam em diferentes fontes de conteúdo, os nossos entendimentos-base e informações sobre o mundo tornam-se cada vez mais distintos. Devido a tal, as mesmas notícias, ideias e até palavras suscitam diferentes interpretações e reações o que vai impossibilitar o diálogo plural e aberto necessário à democracia. Nesta performance, apresentamos uma reflexão visual e auditiva de como tal processo acontece e as consequências que o mesmo traz para as nossas relações interpessoais. Performers: Maria Peão, Luísa Almendra, Violeta Campos, Beatriz Alía, Inès Louçano

18h30
Cara-a-cara com os/as deputados/as
Foyer
Encontro entre cidadãos e deputados/as representantes dos partidos com assento na Assembleia da República. Durante cinco minutos, os participantes inscritos conversam individualmente com cada deputado/a sobre um tema, dúvida ou questão. Aceitaram o desafio: Ricardo Lino (PS), João Barbosa de Melo (PSD) e Carla Castro (IL). Inscrições através do e-mail: participa.politica@gmail.com. Com interpretação para LGP mediante solicitação prévia.

19h
“Novíssimas cartas portuguesas” – cinema
Documentário de realização coletiva, 55’ (Portugal)
Blackbox
O julgamento das 3 Marias foi o primeiro momento do movimento feminista português com projeção internacional. Agitou as águas estagnadas da ditadura e foi um grito ensurdecedor para o mundo. Que impacto teve a obra pela qual foram julgadas? Quão diferentes são as nossas vidas hoje? No 50º aniversário do livro “Novas Cartas Portuguesas” um grupo de mulheres produziu este documentário para questionar em que ponto se encontra a luta feminista. Há novos problemas Quais são as novas opressões? Filme legendado em português.

21h30
A Garota Não – concerto-manifesto
Seleção Portuguesa: 10 milhões de convocados
Palco do Grande Auditório
“No 25 de abril de 74 eu não estava no quarto de nenhuma amiga a trocar ideias sobre livros proibidos. Não estava a ouvir rádio, não sabia de senha nenhuma. Não andei pelas ruas a celebrar a queda de um regime faminto e repressor, não levantei o braço segurando um cravo. Não estava sequer no plano dos meus pais, que só se conheciam de se olharem à janela. Com a agravante da minha mãe ser uma mulher casada – com outro marido.
No 25 de abril de 74 eu não era nascida. Isso só aconteceu alguns anos mais tarde. E fui crescendo a ouvir falar de eleições, manifestações, democracia. Primeiro sem fazer grande ideia dos seus significados. Mais tarde a tentar compreender o seu pulsar através da vida do meu bairro e da vida do país –que via pela televisão.
Fui percebendo que entre o sonho da democracia e a sua concretização há muitas mangas por arregaçar. E que nos cabe a nós o compromisso de cuidarmos desse campo tão fértil, cheio de flores e de espinhos, de caminhos verticais e horizontais, becos sem saída, de avanços e retrocessos, que é a democracia.
Que nos cabe a nós a sua continuidade – o seu cuidado.
Por isso, quando me convidaram para participar neste Festival Política, não pude senão – orgulhosamente – aceitar. Mais do que isso: dar o meu melhor para que projetos como este, que buscam um melhor presente e futuro do conjunto que somos, possam ter uma vida tão forte e longa quanto os caminhos que a cidadania e a democracia percorram.
Mas vir aqui falar sobre quê?
Pensei então que se é para botar palavra, que seja sobre o que sei, sobre alguns dos assuntos que ora me gastam ora me incendeiam. E por isso peguei na história da minha vida e num punhado de canções que fui escrevendo pelo tempo fora. Algumas falam de amores desfeitos, de abusos e morte. Outras daquele quotidiano sem glamour da gente que passa o cabo dos diabos todos os dias para ter uma casa e um prato de comida na mesa. Trabalhos precários, empresas milionárias, governos aos quais entregamos os nossos votos e a nossa crença de um país soberano, empenhado, transparente, justo.
Para depois tantas vezes nos sentirmos desiludidos, sem uma verdadeira alternativa à vista.
Só que a desilusão – como o ciúme – é uma das coisas mais inúteis da nossa vida – se não vier acompanhada de uma vontade maior do que ela. Caso contrário será estéril. Dará para alimentar conversas de café, almoços de família e publicações nas redes sociais. Mas não será a força motriz de nenhuma mudança boa – de nenhuma bonança. E por isso vim, vim para falar de mudanças em que acredito.”
Não é um concerto d’ A garota não. É um manifesto dela.
Com interpretação para LGP.

23h00
Sessão Cinema “Portugal ao Espelho” 
Blackbox

“O aparente caos da diversidade”, Colectivo Fotograma 24 e estudantes de Montemor-o-Novo, 5’ 
Quando a aparência se sobrepõe à própria realidade, torna-se essencial refletir sobre questões que existem desde o início da nossa espécie e que contribuem para a sua evolução. Assegurar que hoje podemos ver para além do “aparente caos” requer coragem por parte da sociedade, mas facilita a aceitação da diversidade.

“Bentuguês”, Daniel Borga, 16’ 
Depois da escola, um grupo de crianças reúne-se na Casa de São Bento, onde está localizado um projeto comunitário. Aí têm a liberdade de sonhar, brincar e crescer. Dentro de uma máquina do tempo, pensam no seu futuro.

“Nha Fidju”, Diogo Moreira Carvalho, 5’
Um filho sem a mãe, uma mãe sem o filho. Um problema de gerações de afrodescendentes, o seu direito a uma família e a uma casa.

“Que mundo, português?”, António Limpo, 10’
A Exposição do Mundo Português, nesse Portugal grandioso e verdadeiramente pequeno, na hipnose do fascismo e analfabetismo vigente. Do Portugal perfeito ao Portugal imperfeito. Algures entre a Ilusão e a Alheação, que mundo este, português?

“Somos punks ou não?”, Telmo Soares, 20’
Nasceram para serem artistas e recusam-se a aceitar que as limitações com que nasceram possam parar os seus sonhos. Com mais de 25 anos como banda, com ensaios semanais, mais de 200 concertos (principalmente em instituições e eventos de inclusão social), houve mudanças no grupo por questões de saúde de alguns membros mas sempre a sonhar com a participação plena como banda.

 

Todos os dias no Convento São Francisco

“Institucionalizado”, de Isabela Marques e Airton Cesar Monteiro.
As instituições totais são lugares onde um número considerável de indivíduos na mesma condição leva uma vida conjunta, isolado da sociedade. No caso das prisões, esse isolamento tem a função de proteger a comunidade exterior desses indivíduos. A esse processo de aplicação opressiva de controlo social e às suas consequências chama-se “institucionalização”. O Paulinho e o Mequinhas, protagonistas desta exposição, foram institucionalizados durante 25 e 37 anos, respetivamente. De forma descontinuada, passaram décadas das suas vidas em diversas instituições prisionais desde a menoridade. Curadoria: Kriativu.

“Revelação”
Todas as crianças e jovens têm sonhos. Mas às crianças e jovens ciganos não se lhes reconhece tão facilmente a capacidade de sonhar, de projetar um futuro. Esta exposição de fotografia pretende revelar esses sonhos escondidos pelo preconceito e pela falta de oportunidades. Uma iniciativa da CooLabora, cooperativa de intervenção social da Covilhã, que pretende catalisar diálogos e reflexões sobre os seus direitos, necessidades e recursos individuais e coletivos, sonhos, desejos, expressando assim os desafios e problemáticas que vivenciam nos seus quotidianos. São fotografias que revelam rostos, mas que dão, acima de tudo, voz a uma comunidade que pelo ciclo de exclusão onde se encontra encerrada, é conhecida apenas através da voz e do olhar de outros. E esses outros somos nós. Curadoria: Coolabora.

 

Bilheteira: Levantamento de bilhetes a partir das 15h no Convento São Francisco no próprio dia das sessões de cinema ou dos espetáculos programados. Mediante disponibilidade de lugares. Exceção: Prémios Monstros do Ano – bilhetes disponíveis na bilheteira a partir das 15h do dia 28 de setembro. Entrada gratuita. 

Programação:

28 de setembro (quinta-feira); 29 de setembro (sexta-feira); 30 de setembro (sábado)

10 filmes do Festival Política para ver no Convento São Francisco

5 atividades do Festival Política de Coimbra com inscrição 

Coprodução: Festival Política e Município de Coimbra
Parceria intersetorial: Divisão do Convento São Francisco / Divisão de Educação / Divisão de Ação Social Gabinete para a Igualdade e Inclusão
Conceito: Associação Isonomia
Apoio institucional: Instituto Português do Desporto e Juventude
Parcerias de programação: Parlamento Europeu – Gabinete em Portugal, Kriativu, Coolabora, Real Pelágio, Propella, Faculdade de Psicologia e da Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Coimbra Coolectiva, Between – Partnerships 4 Development/Associação Entretodos, Projeto Trampolim – E8G
Apoio à divulgação: FCB Lisboa, Trix, ACAPO, dezanove, Esqrever
Media partners: RTP e Antena 1